Ascensão e Desafios: A Jornada de Lucas Cândido no Futebol

A Experiência no Irã: Um Choque Cultural e Desafios Profissionais

Após uma extensa carreira no Brasil, marcada por momentos de glória e adversidades físicas, Lucas Cândido decidiu se aventurar no exterior. Sua escolha recaiu sobre o Irã, um país com uma cultura bastante diferente da brasileira. A adaptação, segundo o ex-atleta, foi um processo árduo e repleto de obstáculos inesperados.

A barreira linguística se apresentou como um dos principais entraves. Com poucas pessoas falando inglês, as comunicações diárias se tornaram um desafio constante. A vida social também ficou comprometida, limitando-se basicamente ao trajeto casa-treino-casa, sem muito espaço para lazer e convívio.

Além do choque cultural, a realidade política do país gerou preocupações. A convivência com a possibilidade de conflitos armados deixou Lucas e sua esposa em estado de alerta constante, o que impactou negativamente a experiência no país. Em suas palavras, "Mas lá, o futebol não é o primeiro esporte. Eles falam que a política é o esporte. Porque é um país muito restrito mesmo. Guerra, a população acha normal, nunca vi isso". A tensão constante, mesmo durante viagens aéreas, era palpável.

Apesar das dificuldades, Lucas reconhece a competitividade do futebol iraniano, destacando a ênfase no condicionamento físico e na força. A intensidade dos treinos e a dedicação dos atletas o surpreenderam positivamente, evidenciando o profissionalismo presente mesmo em meio às adversidades.

Em agosto, Lucas conseguiu rescindir seu contrato com o Foolad antes do prazo, retornando ao Brasil. A busca por um novo clube, porém, dependerá da reabertura da janela de transferências em janeiro. Até lá, o futuro profissional permanece incerto. "Agora espero chegar uma proposta boa. Se for no Brasil, não tem problema, fora também. Eu só espero que não seja em país de guerra", concluiu.

A Glória Eterna do Galo: Libertadores 2013 e a Festa na Casa de Ronaldinho

A trajetória de Lucas Cândido é marcada pela inesquecível conquista da Copa Libertadores da América de 2013 pelo Atlético-MG. Apesar de ter ficado no banco de reservas na maior parte da competição, ele viveu de perto a união do elenco e a atmosfera eletrizante da campanha.

Lucas relembra a tensão do jogo e a explosão de alegria após o título. "A gente, querendo ou não, estava muito nervoso durante o jogo. Quando a gente foi campeão, deu aquela euforia danada, todo mundo alegre, no vestiário todo mundo respirando fundo, dando aquela respirada, de tipo assim, "que Libertadores foi essa?". Porque teve só resultado adverso fora e tentando ir pra casa fazer um gol, dois gols, três gols para passar, foi só coisa doida. Aí quando a gente pegou a medalha, o troféu já tava no nosso vestiário, a plaquinha tava lá, Atlético Mineiro 2013. Aí todo mundo foi caindo a ficha", recorda.

A celebração continuou na casa de Ronaldinho Gaúcho, onde Lucas e Jemerson passaram a madrugada festejando com o ídolo. "Na casa dele estava grupo de pagode, a gente comemorou bastante. E ele nem gosta de comemorar, né? Ele nem dormiu, ele ficou três dias sem dormir, eu tenho certeza. Eu e o Jemerson fomos virados para o treino, depois que eu fui para casa dormir, senão não ia aguentar. E a festa continuou na casa dele, e ele ficava só de sunga, o dia inteirinho de sunga", relata o ex-jogador.

Apesar da imagem festeira de Ronaldinho, Lucas destaca o profissionalismo e o respeito do craque com todos no clube, desde os atletas mais jovens até os funcionários da limpeza. "Ele nunca faltou com respeito, tanto com os mais jovens, quanto com os mais velhos, tanto com quem limpa o vestiário, quanto com o presidente."

Da Base ao Profissional: Uma Trajetória no Atlético-MG

Originário de Uberlândia, Lucas ingressou nas categorias de base do Atlético-MG em 2011. Seu desempenho o levou à Seleção Brasileira Sub-20 em 2013, onde jogou ao lado de nomes como Felipe Anderson e Fred. Apesar da campanha frustrante na competição sul-americana, a experiência foi valiosa.

Apesar de ter participado apenas de um jogo da Libertadores 2013 como reserva, Lucas vivenciou de perto a campanha vitoriosa do Galo. Ele destaca a superação da equipe diante de resultados adversos, a união do grupo e o papel fundamental da torcida. "O grupo era tão unido que a gente sempre falava que ia ser campeão. A gente foi passando. Esses dois resultados muito negativos, contra o Newells e o Olimpia, que perdemos de 2 a 0, foi impressionante. Foi ali que a gente uniu mais, aproximou mais, fechou o grupo e foi campeão. Dois resultados adversos que a gente teve, a gente reverteu dentro de casa, e isso foi aproximando a gente da final, e como grupo. E a torcida acreditou também, o que é o mais importante. A torcida leva o jogador."

Após o título da Libertadores, Lucas conquistou mais espaço no time principal, marcando um golaço contra o Flamengo e participando do Mundial de Clubes. Sua passagem pelo Atlético-MG se estendeu por quase uma década, marcada por momentos de titularidade, lesões e empréstimos a outros clubes.

Lucas assistiu à final da Libertadores de 2013 das arquibancadas, imerso na vibração da torcida. "Eu só lembro da torcida na final. O Mineirão estava tremendo. Eu nunca vi isso na minha vida, o Mineirão balançando. E a torcida gritou, não escutei ninguém calado ali. Praticamente a torcida toda estava cantando", recorda com emoção.

Um Olhar para o Futuro: Expectativas e Projetos

Após sua experiência no Irã, Lucas Cândido demonstra-se aberto a novas propostas, tanto no Brasil quanto no exterior. A prioridade, no entanto, é encontrar um clube em um ambiente estável e seguro, longe de conflitos.

A trajetória de Lucas Cândido é um exemplo de perseverança e adaptação em um ambiente competitivo e imprevisível. Sua história, repleta de altos e baixos, serve de inspiração para os aspirantes a atletas, mostrando que o sucesso no futebol exige mais do que apenas talento. Requer resiliência, trabalho árduo e a capacidade de superar desafios, culturais e profissionais.